quarta-feira, 8 de novembro de 2006

10 ANOS DAS NEW COMERS




A Renault completou 10 anos de produção de veículos no Brasil e, por isso, 2006 celebra uma década de uma nova era para a indústria automobilística nacional. Ao se instalar em nosso país como fabricante, a empresa francesa deu o primeiro passo para o movimento que marcou a segunda metade da década de 1990 e o início do século XXI, a chegada das chamadas “new comers”. A expressão de origem inglesa define as montadoras que passaram a fabricar veículos em território nacional no período citado, como alternativa às conhecidas como “quatro grandes”, Chevrolet, Fiat, Ford e Volkswagen.

O movimento teve continuidade em 1997, o melhor ano para as vendas de carros no Brasil, que coincidiu com o início das atividades da Honda como fabricante nacional. Depois da montadora japonesa, vieram para cá compatriotas como Toyota, Nissan e Mitsubishi, as francesas Peugeot e Citroën, e até mesmo duas marcas de luxo, Audi e Mercedes-Benz. Mas o mercado, depois de 1997, não cresceu como o esperado por essas novas aventureiras, o que levou ao fim dos planos de algumas, especialmente as alemãs, cujos carros, mais luxuosos, tornaram-se inviáveis para o poder aquisitivo do brasileiro. No ano passado, a Mercedes-Benz encerrou a fabricação do Classe A em Juiz de Fora (MG).

Agora, a marca mantém a fábrica ativa com a produção de modelos especialmente voltados para o mercado norte-americano. Com a Audi, a solução foi mais simples; a empresa encerrou a produção do A3 no mês passado, deixando sua parte na fábrica de São José dos Pinhais (PR) para sua parceira, – e, na Europa, controladora – a Volkswagen. Mas, as que sobreviveram ao erro de cálculo, após amargar prejuízos seguidos, têm planos ambiciosos para os próximos anos. E devem atrapalhar a vida das quatro grandes montadoras. Uma delas já conseguiu sentir o efeito “new comer”; a Volkswagen, que tinha mais de 30% de participação em 1996, hoje detém pouco mais de 22% do mercado.


As mais ambiciosas das “new comers” são as japonesas. Desde o ano passado, a Toyota deixa claros seus planos de entrar com tudo na briga pelas quatro primeiras posições no ranking nacional de vendas Hoje, a quarta é a Ford, com cerca de 12% do mercado. Entre 2010 e 2015, o fabricante nipônico pretende consolidar este objetivo, aumentando de maneira agressiva seus 3,7% de participação, que lhe garantem o quinto lugar no ranking. No ano passado, a Toyota vendeu 61 mil unidades no Brasil, mas não entra em detalhes quando o assunto é número.


Entretanto, não esconde o plano de produzir um novo modelo compacto, nos moldes do Honda Fit, possivelmente em uma nova unidade produtiva, separada de Indaiatuba (SP). Uma das possibilidades estudadas é o Yaris.

É imprescindível, para as pretensões da empresa, ter um carro nacional de menor porte e preço acessível, já que hoje comercializa aqui o sedã Corolla e a perua Fielder, ambos nacionais, os argentinos Hilux e Hilux SW4, além de alguns modelos importados do Japão. A Honda, embora também não divulgue números sobre participação, quer desenvolver suas vendas no Brasil. “Esperamos crescer de acordo com a demanda, atendendo às necessidades de nossos clientes”, afirma Alberto Pescumo Filho, gerente geral comercial da montadora. Mesmo assim, o executivo admite planos para vendas de 100 mil unidades no mercado nacional em 2008. Hoje o fabricante tem cerca de 3,7% de participação e, em 2005, vendeu 57.038 veículos em nosso país.

Fabricante do maior sucesso deste ano, o Civic, e do compacto Fit, cujas vendas também são destaque no ranking, a Honda afirma que seu desempenho no Brasil está de acordo com as metas estipuladas em 1997. Apesar disso, admite que o mercado total não cresceu como o esperado. Ainda assim, produz aqui modelos em dia com os mercados globais e, segundo Pescumo, estuda novos produtos para a fábrica de Sumaré (SP). Por isso, - e também por problemas de abastecimento do sedã Civic – a montadora conclui a ampliação de sua planta. Haverá expansão da rede de concessionários, de 118 pontos hoje para 150.


Na Nissan, os planos são mais modestos, considerando que hoje a montadora tem apenas 0,5% do mercado. Ao final de 2009, quer ampliar esta participação para 2,5%, vendendo 40 mil unidades, ante as 7 mil projetadas para o final de 2006.


Para isso, vender seis novos modelos em nosso território no período. Dois deles virão do México, país que tem acordo bilateral com o nosso, deixando os carros com preços competitivos. Trata-se do sedã Sentra e do hatch médio Tiida, ambos à venda já em 2007. Ainda este ano, chega o crossover Murano, importado do Japão. E, no final de 2007, a marca vai trazer da Tailândia a picape Navarra.

A boa notícia é que, a partir de 2008, o veículo será produzido na planta da empresa em São José dos Pinhais (PR), possivelmente como substituta da Frontier. Nélio Bilate, diretor comercial da empresa, nada disse sobre os demais modelos. Todavia, estes podem ser fabricados no Brasil, que receberá, por parte do grupo Nissan, investimento de US$ 150 milhões no período. A rede de concessionárias vai dobrar, projeta o executivo, atingindo 120 pontos de vendas em 2009.


Além das montadoras japonesas, as francesas também têm planos de crescimento no Brasil. Segundo a diretora de marketing da Peugeot, Ana Theresa Borsari, a empresa pretende conquistar participação de 6% do mercado até 2008, com vendas de 100 mil modelos ao final do ano em questão.

Hoje, a marca tem representatividade de 3,4% no total de veículos vendidos no país. Para viabilizar seus planos futuros, vai expandir a rede de concessionários de 120 para 150 pontos.


Segundo Borsari, muitos modelos serão lançados, mas não há maiores detalhes sobre eles. Nos bastidores da indústria, fala-se da chegada de uma versão sedã para o 206, a partir do ano que vem. A Renault, que ocupava até o início da década a posição de quinta montadora nacional, ou primeira “new comer”, vem perdendo mercado nos últimos anos. Hoje com 2,9% de participação no ranking de vendas, a empresa quer aumentar esta fatia para 5,7% ao final de 2009.

Por isso, pretende crescer de 47,5 mil modelos comercializados hoje para 106 mil em três anos.


Segundo o presidente da empresa, Jérôme Stoll, cinco novos veículos serão lançados neste período, dentre os quais as versões hatch e sedã do compacto Logan e a perua inspirada no já disponível sedã Mégane. O Logan contará ainda com uma terceira configuração, que Stoll não quis identificar. Segundo o executivo, o quinto produto, a ser lançado em 2009, ainda está em fase de estudos.

Para viabilizar estes objetivos, a montadora vai investir cerca de US$ 360 milhões em sua fábrica de São José dos Pinhais (PR), contratando 650 novos funcionários. Além disso, aumentará de 150 para 179 o número de concessionárias no Brasil. A terceira montadora francesa que atua por aqui, Citroën, também quer crescer, lançando quatro novos produtos até 2010, todos eles completamente novos e produzidos no Mercosul. Está confirmada a versão sedã do C4, a ser fabricada na Argentina. A marca afirma que fará investimento de US$ 100 milhões no período, mas não especifica se este atingirá apenas o Brasil ou todo o Mercosul.

Hoje com 2% do mercado e 27.566 unidades comercializadas em 2005, a Citroën quer vender 100 mil unidades em 2010, alcançando 5% de participação. A rede de concessionárias, que tem 82 pontos, será ampliada para 125, cobrindo 100 municípios no Brasil. Das montadoras conhecidas como “new comers”, apenas uma não respondeu à nossa reportagem: a Mitsubishi. O fabricante mantém uma fábrica em Catalão (GO), onde produz a picape L200 e duas variantes da Pajero, TR4 e Sport.

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