quarta-feira, 29 de março de 2006

Regionalismos brasileiros




Inevitável. Todo país de dimensões continentais como o Brasil possui regionalismos acentuados e divergências que se revelam desde a alimentação até os hábitos de consumo. Com os carros não é diferente. A grande alegria de qualquer montadora seria produzir carros como Henry Ford fazia no começo do século 20: todos iguais e na cor preta. Como isso não é possível, dada a enorme competitividade do mercado, é preciso oferecer diferenciais. Dois dos maiores mercados consumidores do planeta, os Estados Unidos e a Europa, possuem realidades bem distintas. O motivo pelo qual todos os fabricantes europeus desejam estar nos EUA não é apenas a riqueza do país e a possibilidade de faturar alto. É que lá há apenas uma cultura (com diferenças regionais, é verdade), enquanto na Europa há até idiomas diferentes em distâncias relativamente pequenas. Ou seja: o mercado americano é o mais competitivo do mundo, mas os custos com publicidade e treinamentos tendem a ser menores. O mercado brasileiro não tem a mesma riqueza dos citados acima, mas ainda é o mais competitivo da América do Sul. A título de curiosidade, segue a lista de algumas demandas do nosso país:
a) Carros de cores escuras não vendem bem no Nordeste, onde as temperaturas são altas. Por outro lado, a procura pelo ar-condicionado naquela região é bastante forte.
b) Na região Sul, ao contrário, carros de tons escuros vendem um pouco melhor. A demanda maior é pelo ar quente.
c) Nas cidades onde há cores específicas para táxis, os veículos particulares nesses tons ficam maculados. Em São Paulo é o branco; no Rio de Janeiro, o amarelo. Aparentemente, a decisão do Rio é melhor, pois são raros os carros particulares amarelos em qualquer cidade do Brasil, enquanto o branco possui muitos admiradores.
d) Nos grandes centros urbanos, os veículos favoritos são as minivans, enquanto as picapes, especialmente as movidas a diesel, acabam tendo as vendas prejudicadas devido ao tamanho e ao preço do seguro.
e) Picapes e jipes possuem vendas concentradas fora das metrópoles. Sabendo disso, as montadoras chegam a oferecer planos especiais de financiamentos ligados ao início e ao fim da safra.
f) Embora a Fiat seja a montadora líder de vendas no país, a Chevrolet é a marca líder na região metropolitana de São Paulo, região que concentra a população com maior poder aquisitivo do país.
Para qualquer empresa, oferecer diferenciais para atender às demandas regionais é uma obrigação. Há uma limitação, porém, provocada pela escala de produção. Quando as exigências ficam grandes demais ou implicam em modificações no automóvel, a oferta torna-se inviável e os vendedores precisam se virar do jeito que podem. Há casos de fazendeiros que pedem a instalação de pequenos cofres e compartimentos secretos para guardar armas e dinheiro nas caminhonetes. É claro que as montadoras não vão atender. A grande dificuldade, no Brasil inteiro, continua sendo o preço dos carros.

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